Em busca de sentido: Um psicólogo no campo de concentração
Viktor Frankl
Gêneros: Psicologia, Psicologia estrangeira, Em busca da felicidade, Desenvolvimento pessoal
Ano de publicação: 1947
Ano de leitura: 2025
Minha avaliação: Normal
Número de leituras: 1
Total de páginas: 372
Resumo (páginas): 29
Idioma original da publicação: Alemão
Traduções para outros idiomas: Russo, Inglês, Espanhol, Português, Chinês, Francês, Hindi

Falando de forma geral, este é um livro fraco. Em alguns momentos, tão fraco que preciso escolher minhas palavras com o máximo cuidado para não menosprezar os méritos do autor. Toda esta análise se refere exclusivamente a este livro, não a todas as obras do autor, e muito menos a ele como pessoa.

Sobre o autor

Primeiro, algumas palavras sobre o autor. Viktor Frankl foi um psicólogo austríaco que esteve preso em um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial e conseguiu sobreviver. Ele é considerado o fundador da logoterapia. Ao contrário da teoria freudiana (centrada no prazer) e da teoria de Adler (centrada no poder), a logoterapia afirma que a principal motivação de uma pessoa é encontrar um sentido para a vida. Além disso, Frankl deriva a palavra “logos” do grego “logos” (palavra, sentido), destacando a importância do diálogo e do poder da linguagem. O autor afirma que seu conceito não contradiz Freud nem Adler, mas os complementa.

Estrutura

Agora, vamos falar sobre a estrutura do livro. Ele é composto por três partes conceituais: os fundamentos da logoterapia, a experiência no campo de concentração e reflexões sobre o sentido da vida. Embora não haja problemas com a parte sobre o campo de concentração — é a única seção de leitura fluida, que gera empatia e não causa confusão — as outras partes levantam várias questões. Na verdade, essas três partes estão bem difusas no livro, e nem sempre é fácil identificar onde termina uma e começa a outra. Ainda assim, a estrutura geral é aceitável e cumpre seu papel como guia.

Contras

  • A primeira parte do livro é incrivelmente difícil de ler. Dá a impressão de que foi escrita para psicólogos, não para o público comum (embora até profissionais possam ter dificuldade). Há muitos termos complexos e frases difíceis de acompanhar. Talvez parte disso se deva à tradução, mas acredito que seja bastante fiel. Aqui estão alguns exemplos de frases:

    "Ela se baseia na estrutura polar de um campo de tensão existente entre os polos de objeto e sujeito, que são a condição prévia que torna possível a cognição. Em resumo, dentro deste campo de tensão encontram-se as origens de toda a nododinâmica."

    "Em nossa opinião, o projeto do mundo não é, de fato, uma projeção subjetiva de um mundo subjetivo, mas sim um fragmento, embora subjetivo, de um mundo objetivo."

    "Em outras palavras, o que realmente se opõem são o pandeterminismo e o determinismo, não o determinismo e o indeterminismo."

    "Será que o eu não é nada mais do que acetato de desoxicorticosterona?"

    "O ser espiritual não só pode coexistir com outro ser. Em particular, também pode coexistir com outro ser igual a ele, outro ser espiritual. Essa coexistência de um ser espiritual com outro chamaremos de coexistência."

    E cerca de metade do livro é escrita nesse estilo.
  • O livro praticamente não tem ilustrações. Embora não sejam essenciais, em um texto tão difícil, elas ajudariam bastante — ou ao menos devolveriam a motivação para continuar lendo.
  • Há muito tempo venho tentando transmitir minha visão de mundo por meio de analogias simples. Mas depois de ler este livro, percebi que minhas analogias podem ser inadequadas ou erradas. O autor também tenta usar analogias acessíveis ao leitor comum — por exemplo, dimensões espaciais — mas quando um humanista (como filósofos ou psicoterapeutas) tenta usar conceitos das ciências exatas, normalmente parece pouco convincente ou até ridículo.
  • O livro tem um evidente pano de fundo religioso. Embora o autor afirme que encontrar sentido não exige necessariamente religião, ele próprio parece ter se tornado muito religioso após sobreviver ao campo e nem sequer considera a possibilidade de um mundo sem Deus. Ele aponta frequentemente os erros de Freud e outros psicólogos ou cientistas, mas nunca questiona suas próprias ideias.
  • O autor reflete sobre o sentido da vida, do amor, do trabalho, do sofrimento e da morte. Ele afirma que todos esses aspectos têm sentido. Mesmo que você concorde, por que exatamente ele escolheu esses? Provavelmente porque foram os que mais o impactaram pessoalmente. Mas existem muitos outros aspectos importantes da vida que o autor provavelmente ignorou simplesmente porque nunca os vivenciou.

Prós

  • Nem tudo neste livro é tão ruim a ponto de não merecer elogios. O conceito de vazio existencial — a perda do sentido da vida — é realmente um problema real e atemporal, que talvez nem as escolas de Freud nem de Adler conseguiram resolver.
  • O livro contém muitas ideias pontuais com as quais concordo plenamente, embora nem sempre estejam diretamente ligadas à mensagem principal.
  • Apesar de ser difícil de ler, algumas reflexões do autor são bastante interessantes. Mesmo quando eu não concordava, foi intrigante entender como ele chegou a essas conclusões. Frankl é uma pessoa inteligente cujas ideias ao menos merecem ser estudadas. Aceitá-las ou não já é escolha de cada leitor.
  • A ideia principal do livro — que o sentido é o principal motivador da vida e que com sentido é possível suportar qualquer coisa — é difícil de refutar.
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